Encaminhando ou FW:

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O fim de Allium schoenoprasum

São como grandes caixas envolvidas em cores disfarçantes.

Coloridos: azuis, verdes, vermelhos, rosas, amarronzados, alaranjados, variados, alguns descascados formadores de imagens pareidólidas a partir do ponto imaginativo.

Não que seja positivo, a pareidolia natural sempre existiu sobre as nuvens que agora já não se enxerga mais.

Do lado de fora, apenas um bloqueio solar, estrelar ou do horizonte. De dentro, uma prisão de pessoas, mais que isso, uma opressão sobre as ideias.

Apofênicos insatisfeitos ou alienados... Por trás das caixas o que se enxergam são somente outras caixas ou aquilo que essas caixas permitem que seja visto.

São como objetos de brincadeira de criança. Objetos daquele infante perverso ou curioso que ocupa caixas de papelões ou tijolos isolados para abrigo de isópodes terrestres, taturanas ou outras espécies apenas para assistir ao caos natural da sua enganação.

Não adianta enganar...não funciona postergar...

A Allium schoenoprasum está morta. Sufocada em seu círculo limitado, na sua terra, na sua caixa...sem luz, sem liberdade, sem possibilidade de se desenvolver...

Deem-nos terra, deem-nos luz, deem-nos liberdade, deem-nos possibilidades, deixe-nos pensar, deixe-nos sentir...

Alienariuns schorones


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Um novo espetáculo...

Foto: Fernanda Xavier
Me desperté con la cabeza confusa en millares de fantasías.

No sé dónde estoy ni cuando estoy.

Mi cuerpo entero mi duele. Parece que ayer me golpearon 190 milliones de personas.

Después de algunos segundos en limbo, me acuerdo que hoy es domingo, si no me equivoco, el primer domingo de octubre de un año aleatorio. 

Salgo con la pereza habitual de la cama. Siempre fue una tarea penosa levantarme, pero es mucho peor ahora, porque tengo que estar listo para salir de casa.

Mentalmente hago una lista de mis cosas que tengo que tomar. Necesito mi sombrero de paja, no quiero calentarme la cabeza.

Carajo! No puedo encontrar mi tarjeta fidelidad, mi tarjeta de miembro comic permanente, sin ella nada funcionaría este día.

Empiezo a sentir la ira extendiendo a través de mi cuerpo, la sensación de impotencia me consume...Me acuerdo de la técnica de contar hasta diez, pero ahora hay tantos números en mi cabeza que ni siquiera puedo concentrar...

Finalmente, un anuncio televisivo me hace recordar que el Internet  puede salvar mi vida... Puedo usar una invitación electrónica para reemplazar mi tarjetita-fidelidad.

Por lo tanto, ya me pongo a calmarme, después que todos los discursos cacofónicos terminaron...

Terminarán, también, las caminatas de triunfo de aquellos que caminan tomados de la mano, olvidando que ataron a su mano derecha, su mano izquierda.

Esas sonrisas diseñada como Barbie. Barbaries.

Todos son ganadores en este día, incluso cuando el juego fuerza alguien a perder...

O, entonces, son todos perdedores...Incluso aquellos que creen que están ganando solos...

Listo. Estoy listo para salir de casa, afortunadamente no hay necesidad en preocuparme de poner mi nariz de payaso... Parece que naci con ella!

Tu, yo, usted, mi hermano, o un artista aleatorio que debe votar

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Samsara

Sinto-me em um filme.

A rotação anti-horária da câmera revela suas espaldas firmes que apontam em minha direção. Ainda neste instante, em segundo plano, meus olhos fixos e inexpressivos encaram a sua fronte que até então ainda não se vê.
O meio do caminho desse movimento visual é marcado pelo encontro de frente a frente, ou apenas, dois perfis, a esquerda, você, a direita, eu.
Agora no fim do movimento rotatório, o ponto de vista revela o cotovelo da minha destra, despreparado. Ao fundo, o cano de sua arma parece imóvel esperando pelo momento exato para se movimentar em reação ao seu ódio que intenta me amar.
Sempre ouvi dizer que é neste momento que a epifania ocorre, ou nas palavras de muitos, eu deveria ver a vida passando diante dos meus olhos.
Para mim não, parece uma preocupação inútil que, das poucas vezes que já as tive, enojei-me e bastaram para me cansar.
Agora estou concentrado na gota de suor que escorre em minha têmpora.
Consigo escutar o som desgraçado de moscas sobrevoando algum lugar perto da minha cabeça, embora não consiga enxergá-las.
Espero pelo último comentário enquanto aproveito a mobilidade da minha canhota para tomar o esperado gole de cachaça, da cachaça que já tinha pago, eu achava, mas não me lembrava ao certo.
Sem dúvida havia pago pelas outras doses, as outras doze. Quero dizer, eu achava.
Confesso, porém, que ver eu mesmo em uma situação tão desagradável não me havia jamais passado pela cabeça.
Ter a dúvida se conseguiria ou não sentir o gosto daquela aguardente que tanto aguardei. Aliás, sentir o gosto eu já quase não me importava, o que queria mesmo era poder virar aquele copo em um movimento brusco.
Então, não tão de repente, um barulho ensurdecedor que faria os irritantes voos das moscas soarem como as ninfas sereias do harem de Atlântida tomou conta do ambiente.
A situação da dúvida me ocorre novamente.
Não sei se foi o disparo.
Ou se simplesmente decidi virar o copo e caí no chão.
Ou talvez as duas coisas.

Novamente reconheço-me por aquela ressaca levando pontadas do questionamento "o que aconteceu?" à minha cabeça infantil.

Simplesmente, não fora nada demais, somente saíra do útero.

sábado, 15 de setembro de 2012

Bobagens revolucionárias e outros escritos

"Doce como o licor de pequi, forte como a curraleira." Essa mistura poderosa sondava a cabeça do revolucionário sentado sob as sombras noturnas no ponto de ônibus. Suas intenções não eram claras nem mesmo nos seus pensamentos, por vezes, pensava no retorno para casa, por outras, sentia a necessidade de permanecer ali sentado onde as suas ideias realmente tinham luz.

Sempre tinha se encarado como um revolucionário, mas agora rebatia-se com a suas próprias indagações que usualmente fazia aos outros "Acredita que antigamente não era assim?". O verbo acreditar denotava o tom ditatorial do pensamento que fazia sobre si mesmo, dizia algo como: "sei que pode ser difícil, mas eu já fui igual a você, hoje sou melhor." 

- Que eu mesmo ou que os outros?

Naquela época do ano era comum o calor insuportável durante o dia, o que fazia aquela brisa suave e fresca da madrugada ter valor inestimável para que se pudesse pensar, "como um revolucionário", diria.

A metalinguagem daquela frase continuava a tilintar em sua cabeça: "antigamente", poderia ter colocado em seu currículo Revoluções em que participou: a primeira com os Emboabas em 1707; na França, em 1789; no México em 1910; e em Cuba de 1956 a 1959. Já não era tão ingênuo a ponto de dizer que participou da Revolução de 1964, lembrava-se bem da frase de Orwell "Não se estabelece uma ditadura com o fito de salvaguardar uma revolução; faz-se a revolução para estabelecer a ditadura."

Normalmente seus pensamentos não seguiam uma ordem cronológica e organizada como pretendia, voltava à doçura do licor de pequi, pensava no "antigamente", sentia a força da curraleira, e terminava por se perder na inutilidade. Alguns posicionamentos novos sairiam dali, certamente, não faria mais algo pela vontade de ser reconhecido, de ter seu nome anotado na história. Não sabia como definir, nem como prová-lo, mas a história não condiz sempre com a verdade. Como também não condizia "ser revolucionário".

Os caminhos que esperava percorrer eram tortuosos demais para conseguir definir os "certos" e os "errados". Qual revolução era realmente revolução? Qual causa era justa? Como começou? Quem é mais importante? A Burguesia ou o Povo? 

Era necessário uma reforma. Talvez até ainda seja. Talvez a revolução comece internamente, descobrindo que não há ponto de conforto, que a ditadura pode ser instalada do ser contra o próprio ser, nele mesmo ou contra o semelhante, e que a revolução calada sempre existiu e sempre existirá. Elas todas não estarão escritas em livros de história, não serão alvos de estudos filosóficos, não serão questionadas em debates políticos, ou sequer receberão menções nas conversas de outros "revolucionários". Elas simplesmente coordenarão o passo a passo, cada agir, cada pensar, cada falar... E sem méritos, para revolução ou revolucionário, ela se alastra, como lei natural, convidando a todos os inquietos a se revolucionarem. 

E quando a revolução alcançar o sucesso, a revolução ainda continua, porque, quando chegar a vez do revolucionário tomar o poder, outra revolução deve prosseguir. A unicidade da dualidade, do contraponto, da situação e revolução. Não há como mudar. 

- Gosto daquela frase do Orwell, mas acho que nunca a entendi bem: "O inimigo é a mentalidade do gramofone, concordemos ou não com o disco que está tocando agora".

Talvez seja o momento de revolucionar, ou reformar, a começar pela dignidade do revolucionário. 

- Tenho um interior digno de evolução? Como posso revolucionar?

"Doce como o licor de pequi, forte como a curraleira" - Acho que assim que começarei contando a minha história.


Napoleão Stálin de Sá Baeta Neves

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O apego escondido atrás dos arbustros

Seu nome é apego.

Na maioria das vezes é um mero desconhecido, ou, pode-se dizer, um coadjuvante despercebido. Tem-se também a possibilidade de figurar como camufladamente querido, aliado ao prazer. Na última hipótese, a mais rara, é indesejado, ocasionando um paradoxo do apego ao desapego.

Há certos momentos que paro e penso: "se não houvesse isso que me prende, faria outra coisa"... E de cada fala dessa em fala dessa, percebo que sempre há algo que me prende, impedindo-me de fazer qualquer outra coisa.

Se penso somente "Aquela pessoa precisa de mim" ou "Não posso faltar as aulas porque tenho que conseguir passar em determinado teste". 

Engano-me. Ninguém precisa de ninguém até que prove o contrário, e nunca vi uma prova cabal de que isso é um fato incontestável na prática. Eventualmente pode-se confundir o precisar pelo apegar, é o papel do coadjuvante despercebido.

Aliás, tanto não precisa, pois, basta uma pequena situação diferente como uma ofensa para tudo mudar. E o orgulho que preenche o novo ser, antes "precisante" agora o torna tão independente de si que é capaz de ignorá-lo em tudo. 

Acabo de receber como visitante, uma abelha, desguarnecida, e que vaga desesperadamente sem saber o caminho que deve seguir. 

Talvez sejamos um todo, uma colmeia, cujos membros abelhudos não precisam de ninguém especificamente, a não ser do todo. 

E se em todo lugar existe o todo, a qualquer lugar que eu vá, talvez alguém precise de mim. Alguém realmente precise, sem a minha falácia do apego a alguém que deve precisar no meu canto confortável ou da necessidade incessante de algo que sempre terei que fazer e por isso, só por isso, deixarei tudo depois...

domingo, 26 de agosto de 2012

Palavras que gosto I

Amistoso:

Amistoso é uma palavra que sempre achei foneticamente bonita.

"Nesta quarta, amistoso da Seleção..."

Amistoso...

Nesse caso, aprendi primeira mente como um sentido substantivo, somente depois fui descobrir que amistoso significava amigável, e fui entender a substantivação desse adjetivo usualmente utilizado em jogos de futebol que são fins e si mesmos, sem intenção de competição ou ganho de campeonato ou taça.

Mas amigável, foneticamente falando e não em termos morfológicos, não é tão bonito quanto amistoso.

Amistoso lembra misto, que é na minha cabeça sempre muito gostoso. Misto-misto, sorvete misto, salada mista, coisas mistas...

E oso, de amistoso, parece gostoso, apetitoso, saboroso...

Dizem que amizade vem do latim vulgar amicitas ou de amicus (sei que existe porque me lembro do amicus curiae) e que possivelmente viria de amore.

Certamente há muito sentido.

Amistoso é a qualidade daquele que ama qualquer ser, desprovido de intenções de satisfação pessoal, que poderiam ser sexuais, românticas, financeiras, sociais ou sei lá... É só ser, amistoso.

Ser amistoso com qualquer ser, que não amigo, que não se conheça... em pequenas ou grandes situações, em longos discursos ou silêncio, é ser amistoso...

Isso não é um dicionário, é o meu significado de amistoso.

Amistoso rima com amoroso também... 


Um amicus curiae centralizado na corte do seu próprio Reino.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Uma outra face

Um filosofo-religioso liberal gnóstico  sincrético, ou um Cristo budista ameríndio místico, ou posso mudar de ideia.

Um padre confucionista seguidor do Tao sob efeito de peiote.

Uno.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Não me livro

Não me livro.

Simplesmente não consigo me livrar.

Para começar 
não me livro de mim, 
nem do meu nome,
nem de onde quero chegar.

Não me livro das antigas manias,
do jeito que olho,
de como penso,
ou do modo de falar.

Não consigo me livrar das regrinhas,
da preocupação métrica e da rima,
dos jogos que gosto de jogar,
da língua culta ou da informal.

Não me livro dos meus vícios,
não me livro da cafeína, da cocaína, 
nem da neosaldina, novalgina, benzina,
ou qualquer "ina" que possa me sustentar

Não me livro dos conceitos, dos preconceitos,
da minha atitude arrogante,
ou de achar que meu saber vai fazer mudar.

Não me livro do meu querer,
da minha abundância e da vontade de ter mais,
não me livro do dinheiro,
da casa na praia, do carro do ano, e da melhor mulher que eu puder comprar.

Não me livro da minha namorada,
não me livro da minha cerveja gelada,
ou da bebida destilada,
se não conseguir me livrar da vontade de não engordar.

Não me livro das fórmulas para emagrecer,
das propagandas tão bonitas,
da comida gorda e farta,
nem do meu criticar

Não me livro da vontade de ir no verão à Europa,
nem de ir fazer compras nos Estados Unidos,
não me livro do meu prazer sexual,
ou de qualquer outro querer banal.

Não me livro do conflito,
não me livro da injustiça,
não me livro do medo,
não me livro da matança,
não me livro da violência,
não me livro da ignorância,
não me livro da maledicência,
não me livro da minha impaciência,
do meu orgulho, da minha padronização, 
da minha verdade mentirosa e enganosa,
da minha superiorização, do meu preço,
do meu facebook, do meu twitter, 
da minha vontade de me mostrar o melhor,
da minha indústria, da minha empresa,
da minha terra, da minha água, do meu umbigo.

Simplesmente não consigo me livrar de nada.

Ou talvez,


Eu tenha me livrado da minha liberdade.

Ou será se não consigo me livrar do meu antagonismo?


segunda-feira, 30 de julho de 2012

E se o que há em demasia para uns, faltasse para outros?

E se,
Vamos supor...
Embora possa ser mais que suposição...
O que houvesse em demasia para alguns, significasse a escassez para outros?

E se,
Partindo do pressuposto...
Que houvesse uma "regra" que pugnasse pela igualdade...
E que todos teriam o mínimo ao menos para manter a dignidade pessoal e a continuidade da vida de acordo com seus costumes?

Haveria razão ou direito em reclamar?

Ontem (dia 29) pela manhã, a Folha de São Paulo publicou a notícia de que Carlos Slim, o homem mais rico do mundo segundo a tradicional estatística da revista Forbes, sofre resistência de um povoado rural da zona central do México.

A razão é que a mineradora Frisco obteve licença ambiental para explorar a montanha La Espejera, em Tetela de Ocampo, no Estado de Puebla, cujas jazidas de prata e ouro trarão altos lucros ao homem mais rico do mundo nos próximos 50 anos, o tempo concedido para exploração pelo Poder Público Federal.

Quanto aos 40 mil moradores, pelo reflexo da exploração da mineradora de Slim em 10 mil hectares autorizados pelo México, terão seus rios poluídos, colocando em risco a vida de toda população, além de deteriorar com a floresta. 

Alguns poderiam contraditar "São só algumas pessoas querendo receber um bocadinho de Slim", como dizem quando algum familiar de Eike Batista causa algum dano a algum desconhecido, e este quer sua indenização da família Batista.

Aqui não é o caso, o povoado mexicano é apoiado por moradores, organizações civis e até mesmo políticos  de distintas esferas. 

Como um dos moradores se expressou, a questão não é o ouro, e sim a água. 

Agora vamos supor que pudéssemos viver sem água,
E que o ouro matasse a fome de todos...
E que a prata saciasse a sede de todos...
Teríamos, enfim, algo de diferente nesta história?

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Fofocas

Meu amigo, 

Ouvi dizer de Fulaninho, que a vizinha da sogra da irmã dele disse para a tia do melhor amigo do professor de literatura que seu primo teve na época de escola, alguma coisa sobre o amor, que preciso compreender melhor. 

domingo, 22 de julho de 2012

Comercialização da Violência e o fenômeno da Erotização

Que bela madrugada, meu amigo.

Acabo de assistir Gabriela Cravo Canela, longa dirigido por Bruno Barreto de 1983, com Marcello Mastroianni e Sônia Braga, evidentemente, inspirado na obra de Jorge Amado.

Primeiro ponto: nunca li o romance até então, e pouco assisti da última telenovela da Rede Globo, Gabriela, protagonizado por Juliana Paes. Tomei conhecimento também de outras duas outras versões, uma de 1960, transmitida pela extinta Tv Tupi e outra em 1975, transmitida pela Tv Globo, cuja personagem Gabriela é também vivida pela Sônia Braga.

Pois bem, além da trilha sonora e da fotografia que admiro, o filme provocou-me uma velha discussão que já tive o prazer de tecer com alguns amigos e colegas. O problema da erotização do mercado, e da força econômica da violência e da nudez.

Em certo momento, no bar, alguém diz "Turco" e Nacid retruca "Não sou turco, sou italiano. Minha mãe era napolitana e meu pai árabe. Daí esse alguém diz "Pensei que fosse a mesma coisa" e novamente Nacid "Mas não é".

Já parou pra pensar nos comentários sobre o filme 127 horas ? E o mesmo em relação a Tropa de Elite? (Exemplifico com esses filmes porque também os vi hoje)

Eram coisas do tipo "Consegui ver quase o filme todo" em relação ao primeiro, ou "Bandido bom, é bandido morto" em relação ao segundo.

O que quero dizer é, a violência ou a nudez não deve ser afastada, mas não deve ser abusada como forma de atrair o mercado desinstruído.

Daí alguém diz "Pensei que fosse a mesma coisa". E eu digo "Mas não é".

Pense em Gabriela, em 1983 não havia internet desta forma, não havia televisão "fechada" de forma tão popular, não era comum, sequer, mais de um aparelho televisivo por residência. Existe uma profunda diferença entre um longa nesse contexto e uma novela transmitida pela rede de televisão mais "popular" hoje no país em horário que certamente crianças não estão dormindo.

E se estão, ou algum responsável sensato não permite que a criança assista, ela consegue rever tudo pela internet ou em comentários quase integrais dos episódios durante a tarde do dia seguinte pelas mesmas redes televisivas.

A erotização não é só um problema que prejudica as crianças, prejudica o conteúdo e a mensagem ideológica transmitida, empobrece a arte e a vende de modo a só se preocupar com a arrecadação financeira, em outros termos, a nudez e a violência é vendida.

É vendida e barata, porque os preços dessa erotização desmedida já é sentida, embora não percebida, enquanto os lucros financeiros são percebidos somente por poucos. 

Existiria equilíbrio, por exemplo, se a pessoa que assistisse Gabriela com Juliana Paes pelada na Globo se fosse capaz de ler o romance de Jorge Amado também.

É capaz de assistir Tropa de Elite, aquele que verdadeiramente compreende a mensagem e não sai por aí querendo matar qualquer "bandido", compreende a mensagem?

Proponho: a censura indicativa e instrutiva. A circulação de informações não pode ser centralizada, e o controle deve ser pessoal de cada cidadão, membro do povo, consciente e sensato, com capaz de discernir o que pretende ou não consumir, inclusive na questão artística que tem perdido tanto nos últimos tempos (e não é privilégio das telenovelas ou filmes, digo em tudo). 

Cumpramos nosso papel, cada um, instruído e crítico acerca das informações disponibilizadas a fim de que o verdadeiro poder de decisão seja nosso, quando cada um cumpra seu papel, principalmente naquilo que diz "Estado Democrático de Direito".

Equilíbrio, nem censura, nem vale-tudo. Chega de erotização e violência desmedida, há uma mensagem muito maior por trás disso, se não houver, é porque não vale a pena.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Que suis-je?

Bonjour, mon ami.

Este blog não é uma expressão artística, nem mesmo um ensaio ou um tratado...

Não tem cunho jornalístico, instrutivo ou destrutivo.

Tudo ou nada poderá ser escrito em duas linhas ou duas caras.

Meu nome é Andrey ou Menocchio e só quero expor, botar pra fora, cuspir, para me ajudar a digerir...

Não significa, exatamente, que seja para mim ou para você. É para mim, porque é meu e não faço questão de divulgar, mas é para você, pois do contrário, não me utilizaria deste meio.

São ideias literatas, oriundas de músicas, tratados, filmes, curtas, cenas, desenhos, animações, do cotidiano, dos olhares pela janela, do ponto de ônibus, das conversas alheias, das minhas conversas, ou de qualquer meio que me permita fazer a significação pessoal ou ressignificação. Aliás é esse um dos pilares que acredito e que maquina este blog. A multiplicidade de informações, em grande número na maioria das vezes, circulando por diversos meios, de certa forma, ilimitadas ou incontáveis, que assimilados pela pessoalidade de que escreve ou de quem diz  tomam outros e diversos significados.

É nisso que acredito, uma ideia exposta permite que dela originem-se outras inúmeras ideias a depender de quem pensa, de quem lê ou ouve. As ideias não têm donos, porque elas são todas ressignificadas a partir da interpretação pessoal.

E até a simples absorção de uma ideia específica para um ser é entendida conforme a sua pessoalidade.

Nesse sentido, uma das grandes ideias centrais é tornar pública ou ao menos externa as ideias que podem assumir as diversas significações que cada um se disponha a fazer, mesmo que sejam críticas.

Tudo isso na linguagem mais plúrima, clara, e próxima do que entendo ressignificar ou significar de acordo com minha pessoalidade.

Por exemplo: li recentemente o livro Raul Seixas por ele mesmo, da editora Martin Claret; é perceptível a crítica ao Belchior e ao trecho de sua autoria "apenas um rapaz latino-americano", como o faz Paulo Coelho. Respeito muito o Raul e gosto muito de suas ideias a partir da minha significação. Mas também gosto muito do Belchior e acho esse trecho genial.

Para mim, "ser apenas um rapaz latino-americano" é uma identidade real (ou aparentemente real) de onde me localizo e qual é minha cultura predominante ou primária. Isso para mim ainda quer dizer que não tenho títulos, não sou reconhecido, não sou rico, não sou Sir, nem americano, inglês ou possuidor de Euros.

Quero dizer, a ideia é de um cara, o Belchior (sei lá o que ele quis dizer mesmo), outro interpretou de forma crítica, o Raul Seixas, e para mim, Andrey ou Menocchio, há uma outra interpretação, que assumo a partir da minha pessoalidade, identifico-me e ressignifico.

Beleza?

Ao final, ou no meio, ou até mesmo no começo, posso mudar de ideia. Por que não?

sábado, 14 de julho de 2012

Muito prazer, Andrey ou Menocchio

Boa noite, meu caro leitor.

É com grande honra que lhe apresento a desordem mais organizada que sua própria mente lhe sugeriu elaborar.

Em toda sua indignidade,

Muito prazer e seja bem vindo.

Meu nome é Andrey ou Menocchio.